Na avenida

Na avenida:
Os passos
Perdidos de tudo
Da ilusão de um sonho
Que pensavas há muito perdido
Quimeras e questões
Abandonadas ao seu destino
Olhares súbitos de pessoas cegas
Com sede de ouvir blasfémias
Ritmadas e constantes
Passos que se perdem nas calçadas
Sonâmbulos sem rumo
Autómatos de um espaço
De um tempo que não existe...
Na avenida:
O tempo
Algo que não se vê
Troca-se com o olhar e...
Acaba,
Para os perdidos:
Um labirinto de incógnitas
Que nos fazem conhecer uns aos outros,
O ruído apodera-se de nós num momento,
Não acreditas em ti próprio,
Colocaste em choque
Não crês!
O teu Deus já morreu há muito
Talvez o de todos nós
Que nos desacreditamos de tudo
Talvez... Na avenida...

In Retalhos, Papiro Editora, Abril 2006

 

Uma amostra de como vivemos hoje, nesta século tão confuso que é o XXI

 

:::banana::: sim uma sexta ao fim da tarde em plena cidade...

 

E qualquer desesperança, imanente nesta escrita , é largamente superada pela beleza poética da mesma.Cito uma pérola do colar do seu poema "...Olhares súbitos de pessoas cegas/Com sede de ouvir blasfémias...". Bravo poetisa!

 

Obrigada pelo comentário.
Luz