1. Invitado, ven y descarga gratuitamente el cuarto número de nuestra revista literaria digital "Eco y Latido"

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  1. De Salvador González García,
    mi padre, al Sacromonte


    ¡Ay! Sacromonte gitano,
    vecino del Albaicín,
    no sé cuál será tu fin.
    Pues por mucho que me afano
    no consigo descubrir
    quién pueda darte su mano.

    En noches de primavera,
    desde la Alhambra dormida,
    oigo extinguirse tu vida.
    Y mezclarse en la ladera
    llantos de gitanas finas
    con palmas de revoleras.

    De la guitarra el lamento
    y la hiriente soleá
    dan muestras de tu orfandad.
    ¡Ay!, qué enorme sentimiento,
    ¡quién te pudiera salvar
    de ese final que presiento!


  2. Eu vou sonhando caminhos


    Estes caminhos sonheiros
    das tardinhas. As douradas
    colinas, verdes pinheiros,
    azinheiras empoeiradas!...
    Para onde o caminho irá?
    Eu, cantando e caminhante
    na trilhada vou adiante...
    -A tardinha caindo está!-
    “No meu coração eu tive
    o espinho duma paixão;
    tirei-o, porém não vive
    sem espinho, o coração.”

    E todo o campo um momento
    se fica mudo e sombrio
    meditando, soa o vento
    nos choupos, perto do rio.
    A tardinha fica escura
    e o caminho serpenteia,
    e debilmente branqueia,
    e se perde nessa altura.
    Canto, e volto a prantear:
    “Espinho d’ouro afiado,
    quem te pudesse notar
    lá no coração, cravado!”

    António Machado
    (1875-1939)

    Tradução e adaptação do poema original em espanhol, Salvador Gonzalez Moles e Geny Pereira.
    A José Benito, malco, NUBE ATARDECER y 3 otros les gusta esto.


  3. Ontem à noite dormia


    Ontem à noite dormia,
    sonhei, bendita ilusão!,
    que uma fontana fluía
    dentro do meu coração.
    Diga, em que vala escondida,
    água, tu vens até mim,
    manancial de nova vida,
    onde a beber nunca vim?
    Ontem à noite dormia,
    sonhei, bendita ilusão!,
    porque uma colmeia havia
    dentro do meu coração;
    e as douradas abelhas
    cumpriram um bom papel,
    ao fazer com dores velhas,
    branca cera e doce mel.
    Ontem à noite dormia,
    sonhei, bendita ilusão!,
    que um ardente sol luzia
    dentro do meu coração.
    Era ardente porque dava
    cores de vermelho lar,
    o sol porque iluminava,
    porque fazia chorar.
    Ontem à noite dormia,
    sonhei, bendita ilusão!,
    que era Deus o quem vivia
    dentro do meu coração.

    António Machado
    (1875-1939)

    Tradução e adaptação do poema original em espanhol, Salvador González Moles e Geny Pereira.
    A José Benito, malco, NUBE ATARDECER y 3 otros les gusta esto.


  4. Lembranças da infância


    Uma tarde escura e fria
    do inverno. Os colegiais
    estudam. Monotonia
    da chuva pelos cristais.
    Lá num cartaz de papel
    retratados são Caim
    fugitivo, morto Abel
    numa mancha cor carmim.
    Com voz de sino alto e oco,
    velho, o mestre é trovão,
    magro, mal vestido, um bloco
    e um livro leva na mão.
    Toda a coral infantil
    está cantando a lição:
    mil vezes cem é cem mil,
    mil vezes mil, um milhão.
    Uma tarde escura e fria
    do inverno. Os colegiais
    estudam. Monotonia
    da chuva pelos cristais.


    António Machado
    (1875-1939)

    Tradução e adaptação do poema original em espanhol, Salvador González Moles e Geny Pereira.
  5. A cigarra

    Cante cigarra sua estrofe quente,
    a mosca dance o ritmo do seu canto,
    se enrosca sob sarçal uma serpente
    e as videiras estendem verde manto.

    As heras vão subtis em ascendente
    tal qual cortina esplêndida, entretanto
    que lembra a fonte rude e sorridente,
    e o branco e fresco muro do recanto.

    Não permita às asas a fadiga,
    canta do campo o seu frutado gosto,
    cheia de sol e do trabalho amiga.

    Cantora excita ao inflamado agosto
    para dar grão de cada loira espiga
    e o jato turvo dum ardente mosto.

    Salvador Rueda
    (1857-1933)

    Tradução e adaptação do poema original em espanhol, Salvador González Moles e Geny Pereira.

    La cigarra

    Canta tu estrofa, cálida cigarra,
    y baile al son de tu cantar la mosca,
    que ya la sierpe en el zarzal se enrosca
    y lacia extiende su verdor la parra.

    Desde la yedra que a la vid se agarra
    y en su cortina espléndida te embosca,
    recuerda el caño de la fuente tosca
    y el fresco muro de la limpia jarra.

    No consientan tus élitros fatiga,
    canta del campo el productivo costo,
    ebria de sol y del trabajo amiga.

    Canta y excita al inflamado agosto
    a dar el grano de la rubia espiga
    y el chorro turbio del ardiente mosto.

    Salvador Rueda.
    (1857-1933)



  6. A melancia


    Tal qual se abrisse de repente o dia
    emitindo uma intensa lumeirada
    que pelo aço afiado foi rasgada
    mostrou vermelha a carne a melancia.

    Carmim incandescente parecia
    a longa e deslumbrante navalhada
    como boca de fogo, e liberada,
    fresca e torrencial, a hemorragia.

    Fatia trás fatia foi então caindo,
    que a faca devagar foi dividindo
    vivas para ilusão todas tão cruas.

    Quando a mão separou cada segmento
    foi o prato decorado num momento
    dum círculo de sangue em meias luas.

    Salvador Rueda
    (1857-1933)

    Tradução e adaptação do poema original em espanhol, Salvador González Moles e Geny Pereira.


  7. Explicando uma tarde Anatomia


    Explicando uma tarde Anatomia
    um sábio professor
    do coração dava aos seus alunos
    perfeita descrição.
    Atordoado à causa das tristezas
    a cátedra deixou;
    com risco de ser tido como louco
    com alterada voz:
    Dizem, senhores, ele exclamou pálido,
    ninguém nunca tentou
    viver sem essa víscera preciosa.
    Erro, em crasso erro estão!
    Um ser tão do meu ser, a minha filha,
    ontem me abandonou;
    as filhas que aos pais abandonam
    já não têm coração!
    Lá, um aluno dessa sala escura,
    no fundo murmurou,
    enquanto os outros, espantados, ouvem
    tanta pública dor,
    sorrindo pra um colega que era amigo
    baixando a sua voz:
    Pensa, à filha o coração lhe falta...
    quando tenho-o eu só!

    Eusebio Blasco
    (1844-1903)

    Tradução e adaptação do poema original em espanhol, Salvador González Moles e Geny Pereira.
    A José Benito, malco y NUBE ATARDECER les gusta esto.


  8. Os sinos


    Eu as amo, eu as ouço,
    como o murmúrio do vento,
    tal qual ouço o som da fonte,
    e o balido do cordeiro.
    Como os passarinhos, eles,
    quando aparece nos céus
    do amanhecer um só raio,
    cumprimentam com seus ecos.
    E com prolongadas notas
    espalham seu som sincero,
    nas planícies, nas colinas,
    pacífico e lisonjeiro.
    Si eles calaram pra sempre...
    Quão tristes ventos e céus!
    Quanto silêncio na igreja,
    esquisito a quem morreu!

    Rosalía de Castro
    (1837-1885)

    Tradução e adaptação do poema original em espanhol, Salvador González Moles e Geny Pereira.
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  9. Outubro



    Deitado estava eu na terra em frente
    dos infinitos campos de Castela,
    naquele outono envolto na amarela
    doçura de seu claro sol poente.

    O arado em paralelo, lentamente,
    deixava no terreno a sua estela
    e as honestas mãos colocavam nela,
    partida, na sua entranha, a semente.

    Pensei o meu coração lá me arrancar,
    cheio dum sentimento alto e profundo,
    no sulco atirar do terroir terno,

    a ver se com parti-lo e com plantar
    mostrava a primavera pelo mundo
    a pura árvore do amor eterno.


    Juan Ramón Jiménez
    (1881-1958)

    Tradução e adaptação do poema original em espanhol, Salvador González Moles e Geny Pereira.
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  10. Soneto à Lua


    A Lua enquanto dormes te acompanha,
    te ilumina o cabelo se está à frente,
    e depois do semblante, lentamente,
    ao seio vai e suas cumbres banha.

    Eu, Lesbia, no umbral de sua entranha
    não durmo, choro e rogo inutilmente,
    e o curso dessa Lua reluzente
    ditoso hei-de seguir se o amor amanha.

    Hei-de entrar, tal qual Lua, no aposento,
    vou andar onde repousas tal qual dela
    e vou-me tal qual dela aproximar.

    Tal qual dela vou aspirar o seu alento,
    e, tal qual essa deusa branca e bela,
    puro, trémulo e mudo me apartar.


    José Somoza
    (1781-1852)

    Tradução e adaptação do poema original em espanhol, Salvador González Moles e Geny Pereira.
    A malco le gusta esto.


  11. Apegado a mim


    Cotão do meu mesmo seio
    que nas entranhas teci,
    cotãozinho friorento,
    vem, dorme apegado a mim!
    A perdiz dorme no trevo,
    vai sua batida a ouvir.
    Não se perturbe do alento,
    vem, dorme apegado a mim!
    Tremente erva esverdeada,
    se do assombro vive assim,
    não se solte do meu peito:
    vem, dorme apegado a mim!
    Eu tudo tenho perdido,
    tremo agora ao dormir.
    Não se escorra do meu braço:
    vem, dorme apegado a mim!

    Gabriela Mistral
    (Lucila Godoy Alcoyaga)
    (1889-1957)

    Tradução e adaptação do poema original em espanhol, Salvador González Moles e Geny Pereira.
    A malco le gusta esto.


  12. Balanço

    O mar, suas milhares ondas
    balança divino.
    Ouvindo amorosos os mares,
    balanço meu filho.
    Errantes os ventos na noite
    balançam aos trigos.
    Eu ouço amorosos os ventos,
    balanço meu filho.
    Deus pai, aos seus milhares mundos
    balança sem ruído.
    Sentindo suas mãos na sombra,
    balanço meu filho.

    Gabriela Mistral
    (Lucila Godoy Alcoyaga)
    (1889-1957)

    Tradução e adaptação do poema original em espanhol, Salvador González Moles e Geny Pereira.
    A malco le gusta esto.


  13. Fanatismo


    Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
    Meus olhos andam cegos de te ver !
    Não és sequer a razão do meu viver,
    Pois que tu és já toda a minha vida !

    Não vejo nada assim enlouquecida ...
    Passo no mundo, meu Amor, a ler
    No misterioso livro do teu ser
    A mesma história tantas vezes lida !

    "Tudo no mundo é frágil, tudo passa ..."
    Quando me dizem isto, toda a graça
    Duma boca divina fala em mim!

    E, olhos postos em ti, digo de rastros :
    "Ah ! Podem voar mundos, morrer astros,
    Que tu és como Deus : Princípio e Fim! ..."

    ~•~•~•~•~•~•~•~•~••~•~•~•~•~•~•~•~•~

    Fanatismo

    Mi alma de soñarte anda perdida.
    ¡Mis ojos ya de verte no han de ver!
    ¡Ni eres la razón para mi ser
    por ser ya para mí toda mi vida!

    No veo nada así de enloquecida...
    ¡Voy por el mundo, Amor, para leer
    del libro misterioso de tu haber
    la misma historia tan y tan leída!

    Todo pasa en el mundo en frágil vaso...
    ¡Cuando me dicen esto, será acaso
    que una gracia divina me habla en mí!

    Con mis ojos en ti voy dando pistas:
    ¡Mueran mundos o estrellas, con que existas,
    tendré el principio y fin de Dios en ti!...

    Florbela Espanca

    Nasceu a 08 Dezembro 1894
    (Vila Viçosa)
    Morreu em 08 Dezembro 1930 (Matosinhos)


    Tradução e adaptação do poema original em português Salvador González Moles e Geny Pereira.
    A malco y Anamer les gusta esto.


  14. Romance do Douro


    Rio Douro, rio Douro
    ninguém pra te acompanhar baixa:
    ninguém se detém pra ouvir
    tua eterna estrofe de água.
    Indiferente ou covarde
    volta a cidade a mirada.
    Não quer ver no teu espelho
    sua muralha desdentada.
    Tu, velho Douro, sorris
    entre tuas barbas de prata,
    moendo com seus romances
    as colheitas desgraçadas.
    E entre os santos de pedra
    e as alamedas mágicas
    passas levando nas ondas
    palavras de amor, palavras.
    Quem pudesse, tal qual tu,
    quieto deixar as pegadas,
    cantar sempre o mesmo verso
    mas com diferente água.
    Rio Douro, rio Douro,
    ao teu lado ninguém baixa,
    já ninguém quer atender
    tua eterna estrofe que passa,
    se não os apaixonados
    que perguntam por suas almas
    e semeiam nas espumas
    palavras de amor, palavras.

    Gerardo Diego
    (1896-1986)

    Tradução e adaptação do poema original em espanhol, Salvador González Moles y Geny Pereira.
    A malco le gusta esto.


  15. Oh grande entre los grandes

    Oh grande entre los grandes de la altura
    que asciendes como el ave en dulce vuelo
    huyendo del jardín y la clausura
    que guarda tu enraizado y noble anhelo.

    Oh guardia verdinegro, tu armadura
    se confunde en el césped que en el suelo
    te alfombra con fresquísima verdura
    y alimenta en lo oculto de su celo.

    Oh siempre vertical, solo y presente,
    continuo como el canto en el espacio,
    del claustro ensoñación reverberante.

    Oh salmodia que al viento impenitente
    resuenas en el cielo azul topacio;
    ¡oh fiel recuerdo de mi fe distante!




    El sueño del ciprés

    Un ciprés entre piedras se devana
    y rebasa las cumbres del tejado,
    batallando en el viento, cimbreado,
    en una guerra que ninguno gana.

    Inmóvil tiende sobre la besana
    la sombra junto al surco del arado
    que salta la clausura del cuadrado
    en huida solitaria siempre vana.

    Entretanto en la altura se desliza
    y se clava su copa en lo celeste
    la vista sobre él se cristaliza.

    Verdinegro soldado de lo agreste
    que otra ronda en un sueño realiza
    del Norte al Sur, del Este hacia el Oeste.
    A ti, a malco, a Anamer y a 3 otros les gusta esto.